Quero bem

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Quero bem ouvir os fracos assovios do vento frio,
mesmo que pareçam uma caquética procissão de ossadas.
Quero bem sentir e me abrigar ao manto solene do negrume,
enclausurar-me na forma íntegra incolor.

Quero bem deitar-me nas sombras tenebrosas do caos,
bem tal inércia da qual nada fecunda a sua volta.
Profanar palavras vazias no silêncio profundo,
enveredar-me nas espinhadeiras do infinito.

Quero bem afogar-me nas águas do desespero,
abrigar-me no lodo sujo e imundo,
donde vivem os artistas sem futuro.

Desfalecido

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